terça-feira, 13 de junho de 2017

  
PLANO DE AÇÃO - RELATÓRIO

Introdução
 Esse projeto nos faz pensar sobre a forma como planejamos e atuamos em nossa sala de aula e nos mostra através de uma vivência como podemos  aperfeiçoar ,melhorar e validar o conhecimento que os alunos carregam consigo. O projeto de aprendizagem constrói o conhecimento através da pesquisa, da busca por respostas; e esta busca nos leva á descoberta que se torna em conhecimento. Um conhecimento coletivo e não individual, onde abrange não somente uma realidade, mas várias realidades, ideias e formas de pensar. Todas indispensáveis para a construção do conhecimento.

META 1
A meta 1 foi a mais desafiadora para iniciar o trabalho de aprendizagem , pois nunca havia trabalhado desse modo, com projetos de aprendizagem e nem os alunos. Tive receio da reação dos mesmos quanto à aceitação da nova proposta, e fiquei um tanto ansiosa  para iniciá-la.  “ O desenvolvimento de um projeto de aprendizagem consiste na busca por informações que esclareçam as indagações de um sujeito sobre a sua realidade. Essas indagações se manifestam por inquietações advindas de suas vivências e necessidades em conhecer e explicar o mundo “ ( HERNÁNDEZ). Por esse motivo, que esse processo é desafiador, pois tratam de indagações dos alunos e que as mesmas consistem sobre sua realidade, suas vivências e culturas; sendo assim variados os meios que nos levam a um estudo. São diferentes alunos com suas realidades, no passo que se fosse um projeto partindo do professor, a realidade é única, e não abrange a todos os alunos, devido a esse fato podemos afirmar que a busca do conhecimento torna-se desinteressante.
 A valorização da cultura e lugar de onde os alunos veem e seu conhecimento dito como senso comum é o pontapé inicial do que se vai construir a partir do projeto, o interesse dos alunos.
Logo que a ideia foi lançada na aula presencial, organizei-me e lancei para os alunos o proposta no dia 12/04/17.  A turma que lancei a ideia é um 8º ano do ensino fundamental séries finais. Inicialmente ficaram medrosos sobre o que perguntar, o que dizer, e até mesmo tinham medo de errar. Houve um estranhamento como havia imaginado por nunca terem que formular uma questão e sim respondê-las. Conforme Nevado 2004 “Ambientes que possibilitem aos sujeitos viverem em um mundo que, segundo os novos paradigmas das ciências, é povoado por incertezas ( Nevado, 2004), facilita o caminho para o aprendizado, pois o que se aprende não só os conhecimentos programáticos, mas sim,   um leque de conhecimentos  que se abre  para aprender.
Perguntei o que eles mais gostariam de saber, independente do assunto e da matéria, o que mais instigava a curiosidade deles. A desconfiança surgiu, os questionamentos para consolidar o início do projeto também, tirei as dúvidas, dei exemplos e a compreensão se iniciou com o silêncio. Ali percebi que eles iriam formular suas questões.
Surgiram 34 questões, e foi escolhida apenas uma, pois havia entendido errado a explicação da professora.  Discutimos todas questões, os alunos mesmos davam as explicações para os colegas, dominavam certos assuntos e outros seguiam com incertezas;  essas incertas fomos elencando para possíveis  de serem estudadas e por desinteresse  deles próprios e por mediação minha que deveria ser uma só questão,  acabaram   ficado como   questão inicial de pesquisa : Acontecerá a III Guerra Mundial?
Concluída essa etapa fiquei intrigada, pois esse assunto não dispõe de material, apenas é especulativo e deu-se por influência midiática. E como envolver uma turma inteira em um tema só, algo estava errado.
Postei no blog que estava insegura quanto a isso, que senti os alunos imaturos e também inseguros; pensei em mudar de turma para ver se o resultado seria melhor; no blog mesmo veio o apoio da professora e logo após a outra aula presencial, (27/04) onde tudo clareou. Decidi reformular o que estava feito e fui para a mesma sala de aula expliquei da inconveniência de trabalhar apenas um tema em toda turma e sobre o pouco material que dispúnhamos para realizar o projeto. Os alunos concordaram e se animaram em retomar o trabalho de forma diferente. Entreguei-lhes as perguntas realizadas num primeiro momento e pedi que se juntassem por afinidades; pessoal ou por tema. Também deixei a vontade a formulação de novas questões ou trabalhar com as que já tinham. Percebi a conversa fluir mais em pequenos grupos, a discussão saudável sobre a escolha do tema e os argumentos utilizados além de sentirem-se mais motivados. O trabalhar em pequenos grupos proporciona o debate, a discussão e o entendimento de todos os que deste participam, pois assim vão construindo uma rede de conhecimentos em torno da questão investigada (Fagundes et ali, 1999). Há a compreensão do meio, do modo de formular o pensamento e o porquê esse se deu dessa forma.
Então surgiram tais questões:
·        Por que a sociedade é tão preconceituosa?
·        É possível migrar para Marte?
·        É possível um ser humano usar 100% da capacidade cerebral?
·        O que é a diabete tipo 1?
META 2
Expliquei aos alunos qual o procedimento para formular as certezas e dúvidas que tinham a respeito de seus temas escolhidos. Muitos comentários foram realizados com o que sabiam de início, o que ouviam falar sobre o tema, e o que supunham que sabiam, mas acabavam colocando todos os dados em certezas.  Levantei alguns questionamentos se o que eles estavam colocando em certezas era mesmo uma certeza ou eram apenas comentários; se tivessem dúvidas para responder, que colocassem no que correspondia às dúvidas, e depois seria esclarecido no decorrer da pesquisa.
Logo foram surgindo várias certezas e dúvidas, as quais foram elencadas após muito debate.  Percebi que algumas certezas e dúvidas colocadas pelos alunos estavam em lugares errados, mas não interferi, pois acreditei que eles perceberiam o engano ao iniciar a pesquisa sobre o tema, conforme Kincheloe ( 1993), diz que o melhor caminho para ensinar alguém a pensar  ( a aprender compreensivamente )  é mediante a pesquisa, observando o contexto social do qual os estudantes procedem e as vias, estratégias ou percursos que possam tomar no momento de buscar versões dos fatos que lhe permitam interpretar a realidade. Esperei que enquanto os alunos estivessem buscando as versões dos fatos e ao interpretá-los, encontrariam  o equívoco no trabalho, mas isso não se deu.
Segue os temas, certezas e dúvidas.  (8º ano)

POR QUE A SOCIEDADE É TÃO PRECONCEITUOSA?
CERTEZAS:
1-        Todos nós pensamos diferentes.
2-        Somos todos iguais.
3-        O preconceito vem a cada instante aumentando.
4-        Ter convivência com pessoas preconceituosas ajuda a ser preconceituoso.
5-        Ainda existem homens machistas na sociedade.

DÚVIDAS:
1-        Por que as campanhas contra o preconceito não estão mais adiantando?
2-        Por que existe tanto preconceito com os homossexuais?
3-        O que se passa na cabeça de um preconceituoso?
4-        Por que tem pessoas tentando se achar maior que os outros?
5-        Por que a sociedade não aceita pessoas diferentes?

É POSSIVEL MIGRAR PRA MARTE?
CERTEZAS:
1-        Tem água salgada.
2-        Não tem oxigênio.
DÚVIDAS:
1-        Quantos quilômetros têm da terra até Marte?
2-        Como chegar até Marte?
3-        Por que Marte é vermelho?
4-        Será possível respirar em Marte sem aparelhos?
5-        Quanto tempo demora para chegar em Marte?
6-        É possível produzir alimentos lá?
7-        Existe vida em Marte?

É POSSIVEL UM SER HUMANO USAR 100% DA CAPACIDADE CEREBRAL?
CERTEZAS:
1-        Não usamos 100% de nossa capacidade.
2-        Se usássemos 100% não precisaríamos de dinheiro.
3-        Seríamos autossuficientes.
DÚVIDAS:
1-        Por que não usamos 100% do nosso cérebro?
2-        É possível usar 100% do cérebro?
3-        Como podemos aumentar a capacidade cerebral?
4-        Como seríamos se usássemos 100%?
5-        Como pode ser medida a capacidade cerebral?

DIABETES TIPO 1
CERTEZAS:
1-        Leva à morte.
2-        Tem cura.
3-        Como se pega.
4-        Quais os tratamentos.
5-        O que faz subir e descer a diabete.
6-        A alimentação influencia.
7-        Quais sintomas.
8-        Pode passar hereditariamente.
DÚVIDAS:
1-        Tem tratamento?
2-        É o pior tipo?
3-        Tem que fazer injeções?
4-        É por causa de ter muito açúcar no sangue?

META 4
 Na construção do mapa conceitual estava  mais confiante. Pensei que se os alunos não soubessem o que era um mapa conceitual eu teria que mostrar. Quando iniciei os questionamentos, percebi que minha dúvida tinha virado certeza, os alunos nunca tinham ouvido falar e nem visto um mapa conceitual.  Apesar de reconhecerem a imagem e não associá-la ao mapa.
Depois da leitura disponibilizada no decorrer da interdisciplinar, vi que um  mapa conceitual não   é tão simples de fazer. Não é simplesmente fazer interligações de um conceito ou ideia para outra. Partindo desse problema  pensei em ajudar os alunos nesse sentido, fazer um mapa que não fosse somente  simples flechas.  Joseph Novak (Novak, 2003) define mapa conceitual como uma ferramenta para organizar e representar conhecimento.
  Então mostrei a imagem de vários mapas conceituais, eles pesquisaram alguns e coletivamente realizamos um no quadro, sobre um assunto que não fosse tema dos projetos deles. Fizemos e ficamos satisfeitos com o resultado.
Por falta de tempo não acompanhei a construção dos mapas dos alunos, estes fizeram em casa seu mapa com seu grupo. Acredito que a falta de acompanhamento de minha parte na construção dos mapas contribuiu para a realização de alguns erros que percebi quando recebi os mapas.  Um dos erros é que relatei na meta 2 que deixaria que os alunos percebessem seus erros  o que não aconteceu, achei que faltou um pouco de interesse e pesquisa por parte  dos alunos e junto com isso, meu acompanhamento.
Percebi que os alunos não conseguiram conceituar no mapa as certezas e as dúvidas, distorcendo em vários aspectos o que tinham como certezas e dúvidas e o que citaram no mapa.  O que era para ser uma explicação visualmente mais fácil saiu do contexto escrito. Vi também que alguns grupos não conseguiram criar um mapa, e sim, um esquema de mapa conceitual que terá que ser aperfeiçoado na sua forma estrutural.
Dentre as categorias de análises de mapas conceituais percebi que a maioria dos mapas apresentados pelos alunos encaixa-se em “implicação local” onde o que é colocado não muda do contexto, não se amplia e segue um raciocínio lógico.  Outros então, já conseguiram fazer uma “implicação sistêmica” onde há mais implicações do que o transcorrido nas dúvidas e certezas, percebe-se que foram ampliadas as características do tema, deixando o mapa mais elaborado.
Para Piaget (Piaget & Garcia, 1989), desde os níveis mais elementares de pensamento há implicações entre significações. Para o caso da construção de mapas conceituais, quando estamos escolhendo uma relação entre dois conceitos (expressa por uma frase de ligação), estamos realizando, em última análise, uma implicação significante.
Penso que tenho que rever a estruturação e construção do mapa conceitual em si, verificar as certezas e dúvidas e auxiliá-los na colocação dos mesmos no mapa. É correto afirmar que mediação é uma parte fundamental de qualquer processo educativo, realizam mediações de qualidade e garantem um bom sucesso dos processos educativos em geral.

Conclusões:
             Vimos que para construir um conhecimento concreto nada melhor do que a participação de todos os envolvidos no processo de aprendizagem. Um projeto realizado a partir do conhecimento prévio do aluno visando seu meio social e cultural é extremamente importante para poder iniciar um trabalho visando a realidade dos alunos.
            O conhecimento não é vertical, é construído a partir dos alunos, discutido, e formulado mediante a mediação do professor, mas quem dita o tom são os alunos.  A relação criada entre os membros que trabalham em pequenos grupos além de afinidade e respeito, salienta a forma de pensar diferente, discutir e formular o pensar, ampliando a rede de conhecimento em que estão ligados.
            Muitos saberes unem-se formando um grande saber, podendo ser completado a qualquer momento que surgir um novo questionamento. É um ciclo interminável de conhecimentos construídos de outros conhecimentos.



Referências  bibliográficas:
·        Fagundes, L., Maçada, D., Sato, L.; Aprendizes do Futuro, as Inovações Começaram, MEC, 1999.
·        NOVAK, J. D. The Theory Underlying Concept Maps and How to Construct Them, 2003. Disponível em: http://cmap.coginst.uwf.edu/info/printer.html. Acessado em: 03 jun. 2003
·        PIAGET, J.; GARCÍA, R. Hacia uma lógica de significaciones. México, Geiadisa, 1989.
·        PASSERINO, Liliana M.; GLUZ, João Carlos; VICARI, Rosa Maria. Uma proposta para Mediação Tecnológica em Espaços Virtuais de Aprendizagem.
·        Hernández, Fernando ; Transgressão e mudanças na educação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Plano de Ação - Renata

META 1 Objetivo: Levantar os temas de interesse e as questões de pesquisa dos/as alunos/as, a fim de desenvolver um Projeto de Aprend...