PLANO DE AÇÃO - RELATÓRIO
Introdução
Esse projeto nos faz pensar sobre a forma como
planejamos e atuamos em nossa sala de aula e nos mostra através de uma vivência
como podemos aperfeiçoar ,melhorar e
validar o conhecimento que os alunos carregam consigo. O projeto de
aprendizagem constrói o conhecimento através da pesquisa, da busca por
respostas; e esta busca nos leva á descoberta que se torna em conhecimento. Um
conhecimento coletivo e não individual, onde abrange não somente uma realidade,
mas várias realidades, ideias e formas de pensar. Todas indispensáveis para a
construção do conhecimento.
META
1
A
meta 1 foi a mais desafiadora para iniciar o trabalho de aprendizagem , pois
nunca havia trabalhado desse modo, com projetos de aprendizagem e nem os
alunos. Tive receio da reação dos mesmos quanto à aceitação da nova proposta, e
fiquei um tanto ansiosa para iniciá-la. “ O desenvolvimento de um projeto de
aprendizagem consiste na busca por informações que esclareçam as indagações de
um sujeito sobre a sua realidade. Essas indagações se manifestam por
inquietações advindas de suas vivências e necessidades em conhecer e explicar o
mundo “ ( HERNÁNDEZ). Por esse motivo, que esse processo é desafiador, pois
tratam de indagações dos alunos e que as mesmas consistem sobre sua realidade,
suas vivências e culturas; sendo assim variados os meios que nos levam a um
estudo. São diferentes alunos com suas realidades, no passo que se fosse um
projeto partindo do professor, a realidade é única, e não abrange a todos os
alunos, devido a esse fato podemos afirmar que a busca do conhecimento torna-se
desinteressante.
A valorização da cultura e lugar de onde os
alunos veem e seu conhecimento dito como senso comum é o pontapé inicial do que
se vai construir a partir do projeto, o interesse dos alunos.
Logo
que a ideia foi lançada na aula presencial, organizei-me e lancei para os
alunos o proposta no dia 12/04/17. A turma
que lancei a ideia é um 8º ano do ensino fundamental séries finais. Inicialmente
ficaram medrosos sobre o que perguntar, o que dizer, e até mesmo tinham medo de
errar. Houve um estranhamento como havia imaginado por nunca terem que formular
uma questão e sim respondê-las. Conforme Nevado 2004 “Ambientes que
possibilitem aos sujeitos viverem em um mundo que, segundo os novos paradigmas
das ciências, é povoado por incertezas ( Nevado, 2004), facilita o caminho para
o aprendizado, pois o que se aprende não só os conhecimentos programáticos, mas
sim, um leque de conhecimentos que se abre
para aprender.
Perguntei
o que eles mais gostariam de saber, independente do assunto e da matéria, o que
mais instigava a curiosidade deles. A desconfiança surgiu, os questionamentos
para consolidar o início do projeto também, tirei as dúvidas, dei exemplos e a
compreensão se iniciou com o silêncio. Ali percebi que eles iriam formular suas
questões.
Surgiram
34 questões, e foi escolhida apenas uma, pois havia entendido errado a
explicação da professora. Discutimos
todas questões, os alunos mesmos davam as explicações para os colegas,
dominavam certos assuntos e outros seguiam com incertezas; essas incertas fomos elencando para
possíveis de serem estudadas e por
desinteresse deles próprios e por mediação
minha que deveria ser uma só questão,
acabaram ficado como
questão inicial de pesquisa : Acontecerá a III Guerra Mundial?
Concluída
essa etapa fiquei intrigada, pois esse assunto não dispõe de material, apenas é
especulativo e deu-se por influência midiática. E como envolver uma turma
inteira em um tema só, algo estava errado.
Postei
no blog que estava insegura quanto a isso, que senti os alunos imaturos e
também inseguros; pensei em mudar de turma para ver se o resultado seria
melhor; no blog mesmo veio o apoio da professora e logo após a outra aula
presencial, (27/04) onde tudo clareou. Decidi reformular o que estava feito e
fui para a mesma sala de aula expliquei da inconveniência de trabalhar apenas
um tema em toda turma e sobre o pouco material que dispúnhamos para realizar o
projeto. Os alunos concordaram e se animaram em retomar o trabalho de forma
diferente. Entreguei-lhes as perguntas realizadas num primeiro momento e pedi
que se juntassem por afinidades; pessoal ou por tema. Também deixei a vontade a
formulação de novas questões ou trabalhar com as que já tinham. Percebi a
conversa fluir mais em pequenos grupos, a discussão saudável sobre a escolha do
tema e os argumentos utilizados além de sentirem-se mais motivados. O trabalhar
em pequenos grupos proporciona o debate, a discussão e o entendimento de todos
os que deste participam, pois assim vão construindo uma rede de conhecimentos
em torno da questão investigada (Fagundes et ali, 1999). Há a compreensão do
meio, do modo de formular o pensamento e o porquê esse se deu dessa forma.
Então
surgiram tais questões:
·
Por que a sociedade é tão preconceituosa?
·
É possível migrar para Marte?
·
É possível um ser humano usar 100% da
capacidade cerebral?
·
O que é a diabete tipo 1?
META
2
Expliquei
aos alunos qual o procedimento para formular as certezas e dúvidas que tinham a
respeito de seus temas escolhidos. Muitos comentários foram realizados com o
que sabiam de início, o que ouviam falar sobre o tema, e o que supunham que
sabiam, mas acabavam colocando todos os dados em certezas. Levantei alguns questionamentos se o que eles
estavam colocando em certezas era mesmo uma certeza ou eram apenas comentários;
se tivessem dúvidas para responder, que colocassem no que correspondia às
dúvidas, e depois seria esclarecido no decorrer da pesquisa.
Logo
foram surgindo várias certezas e dúvidas, as quais foram elencadas após muito
debate. Percebi que algumas certezas e
dúvidas colocadas pelos alunos estavam em lugares errados, mas não interferi,
pois acreditei que eles perceberiam o engano ao iniciar a pesquisa sobre o
tema, conforme Kincheloe ( 1993), diz que o melhor caminho para ensinar alguém
a pensar ( a aprender compreensivamente ) é mediante a pesquisa, observando o contexto
social do qual os estudantes procedem e as vias, estratégias ou percursos que
possam tomar no momento de buscar versões dos fatos que lhe permitam interpretar
a realidade. Esperei que enquanto os alunos estivessem buscando as versões dos
fatos e ao interpretá-los, encontrariam
o equívoco no trabalho, mas isso não se deu.
Segue
os temas, certezas e dúvidas. (8º ano)
POR QUE A SOCIEDADE É TÃO
PRECONCEITUOSA?
CERTEZAS:
1- Todos nós pensamos diferentes.
2- Somos todos iguais.
3- O preconceito vem a cada instante aumentando.
4- Ter convivência com pessoas preconceituosas ajuda a ser
preconceituoso.
5- Ainda existem homens machistas na sociedade.
DÚVIDAS:
1- Por que as campanhas contra o preconceito não estão mais
adiantando?
2- Por que existe tanto preconceito com os homossexuais?
3- O que se passa na cabeça de um preconceituoso?
4- Por que tem pessoas tentando se achar maior que os outros?
5- Por que a sociedade não aceita pessoas diferentes?
É POSSIVEL MIGRAR PRA MARTE?
CERTEZAS:
1- Tem água salgada.
2- Não tem oxigênio.
DÚVIDAS:
1- Quantos quilômetros têm da terra até Marte?
2- Como chegar até Marte?
3- Por que Marte é vermelho?
4- Será possível respirar em Marte sem aparelhos?
5- Quanto tempo demora para chegar em Marte?
6- É possível produzir alimentos lá?
7- Existe vida em Marte?
É POSSIVEL UM SER HUMANO
USAR 100% DA CAPACIDADE CEREBRAL?
CERTEZAS:
1- Não usamos 100% de nossa capacidade.
2- Se usássemos 100% não precisaríamos de dinheiro.
3- Seríamos autossuficientes.
DÚVIDAS:
1- Por que não usamos 100% do nosso cérebro?
2- É possível usar 100% do cérebro?
3- Como podemos aumentar a capacidade cerebral?
4- Como seríamos se usássemos 100%?
5- Como pode ser medida a capacidade cerebral?
DIABETES TIPO 1
CERTEZAS:
1- Leva à morte.
2- Tem cura.
3- Como se pega.
4- Quais os tratamentos.
5- O que faz subir e descer a diabete.
6- A alimentação influencia.
7- Quais sintomas.
8- Pode passar hereditariamente.
DÚVIDAS:
1- Tem tratamento?
2- É o pior tipo?
3- Tem que fazer injeções?
4- É por causa de ter muito açúcar no sangue?
META
4
Na construção do mapa conceitual estava mais confiante. Pensei que se os alunos não
soubessem o que era um mapa conceitual eu teria que mostrar. Quando iniciei os
questionamentos, percebi que minha dúvida tinha virado certeza, os alunos nunca
tinham ouvido falar e nem visto um mapa conceitual. Apesar de reconhecerem a imagem e não
associá-la ao mapa.
Depois
da leitura disponibilizada no decorrer da interdisciplinar, vi que um mapa conceitual não é tão
simples de fazer. Não é simplesmente fazer interligações de um conceito ou
ideia para outra. Partindo desse problema pensei em ajudar os alunos nesse sentido,
fazer um mapa que não fosse somente simples flechas. Joseph Novak (Novak, 2003) define mapa
conceitual como uma ferramenta para organizar e representar conhecimento.
Então
mostrei a imagem de vários mapas conceituais, eles pesquisaram alguns e
coletivamente realizamos um no quadro, sobre um assunto que não fosse tema dos
projetos deles. Fizemos e ficamos satisfeitos com o resultado.
Por
falta de tempo não acompanhei a construção dos mapas dos alunos, estes fizeram
em casa seu mapa com seu grupo. Acredito que a falta de acompanhamento de minha
parte na construção dos mapas contribuiu para a realização de alguns erros que
percebi quando recebi os mapas. Um dos
erros é que relatei na meta 2 que deixaria que os alunos percebessem seus erros
o que não aconteceu, achei que faltou um
pouco de interesse e pesquisa por parte dos alunos e junto com isso, meu
acompanhamento.
Percebi
que os alunos não conseguiram conceituar no mapa as certezas e as dúvidas, distorcendo
em vários aspectos o que tinham como certezas e dúvidas e o que citaram no
mapa. O que era para ser uma explicação
visualmente mais fácil saiu do contexto escrito. Vi também que alguns grupos
não conseguiram criar um mapa, e sim, um esquema de mapa conceitual que terá
que ser aperfeiçoado na sua forma estrutural.
Dentre
as categorias de análises de mapas conceituais percebi que a maioria dos mapas
apresentados pelos alunos encaixa-se em “implicação local” onde o que é
colocado não muda do contexto, não se amplia e segue um raciocínio lógico. Outros então, já conseguiram fazer uma
“implicação sistêmica” onde há mais implicações do que o transcorrido nas
dúvidas e certezas, percebe-se que foram ampliadas as características do tema,
deixando o mapa mais elaborado.
Para
Piaget (Piaget & Garcia, 1989), desde os níveis mais elementares de
pensamento há implicações entre significações. Para o caso da construção de
mapas conceituais, quando estamos escolhendo uma relação entre dois conceitos
(expressa por uma frase de ligação), estamos realizando, em última análise, uma
implicação significante.
Penso
que tenho que rever a estruturação e construção do mapa conceitual em si, verificar
as certezas e dúvidas e auxiliá-los na colocação dos mesmos no mapa. É correto
afirmar que mediação é uma parte fundamental de qualquer processo educativo,
realizam mediações de qualidade e garantem um bom sucesso dos processos
educativos em geral.
Conclusões:
Vimos que para construir um conhecimento
concreto nada melhor do que a participação de todos os envolvidos no processo
de aprendizagem. Um projeto realizado a partir do conhecimento prévio do aluno
visando seu meio social e cultural é extremamente importante para poder iniciar
um trabalho visando a realidade dos alunos.
O conhecimento não é vertical, é
construído a partir dos alunos, discutido, e formulado mediante a mediação do
professor, mas quem dita o tom são os alunos. A relação criada entre os membros que
trabalham em pequenos grupos além de afinidade e respeito, salienta a forma de
pensar diferente, discutir e formular o pensar, ampliando a rede de
conhecimento em que estão ligados.
Muitos saberes unem-se formando um
grande saber, podendo ser completado a qualquer momento que surgir um novo
questionamento. É um ciclo interminável de conhecimentos construídos de outros
conhecimentos.
Referências
bibliográficas:
·
Fagundes, L., Maçada, D., Sato, L.;
Aprendizes do Futuro, as Inovações Começaram, MEC, 1999.
·
NOVAK,
J. D. The Theory Underlying Concept Maps and How to Construct Them, 2003. Disponível
em: http://cmap.coginst.uwf.edu/info/printer.html. Acessado em: 03 jun. 2003
·
PIAGET, J.; GARCÍA, R. Hacia uma lógica de
significaciones. México, Geiadisa, 1989.
·
PASSERINO, Liliana M.; GLUZ, João Carlos;
VICARI, Rosa Maria. Uma proposta para Mediação Tecnológica em Espaços Virtuais
de Aprendizagem.
·
Hernández, Fernando ; Transgressão e mudanças
na educação.
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